segunda-feira, 11 de junho de 2007

Morreu a tentar provar leucemia

Noticia P. Diario:

Era uma questão de honra mostrar que dizia a verdade e que não era capaz de voltar à escola. Não conseguiu. Deu aulas cheia de febre e amparada. Os colegas davam-lhe a sopa na boca. Leitores do PDiário incentivaram a filha a recorrer aos tribunais

"Na voz parece haver alguma resignação. Mas é só tristeza, incompreensão. Teresa Silva ainda não consegue entender como foi possível terem negado a aposentação à sua mãe e a obrigaram a dar aulas, mesmo estando com leucemia. Já tinha o apoio do Sindicato de Professores da Zona Centro, mas as mensagens de incentivo que recebeu dos leitores do PortugalDiário deram-lhe ainda mais força para avançar com um processo contra o Estado português. Agora, tenta perceber junto do sindicato, se de facto é possível recorrer também ao Tribunal Europeu dos Direitos do Homem.

«Acho que isto é uma questão de direitos do trabalhador, o direito a estar doente», explica. E por isso Teresa quer fazer alguma coisa, para que outros não passem pelo mesmo. Mesmo sem apontar o dedo a culpados, porque não lhe cabe a ela essa função, diz, com revolta, que «quem decidiu, decidiu desumanamente». «Isto não são opiniões, são factos», justifica. «Tenho todos os relatórios médicos para o provar». E a certidão de óbito também.

«Segundo os comentários que li no PortugalDiário há muita gente a passar por situações idênticas, mas as pessoas têm medo de abrir a boca, de denunciar». Pelo menos neste site, «mesmo assinando anónimo», diz, podem «abrir a alma».


«Apta para o exercício da função»


Manuela Estanqueiro pediu a aposentação antes de saber a doença que tinha. Não estava bem, já não conseguia carregar a pasta com as coisas da escola. Não tinha força. Estava sempre cansada. Em Março de 2006 diagnosticaram-lhe leucemia. Foi a uma junta médica da Caixa Geral de Aposentações (CGA) no Verão desse ano, para a avaliarem e decidirem se podia reformar-se por doença. Consideraram-na apta para o exercício da função.

Esta docente estava com atestado médico passado pela junta médica da Direcção Regional de Educação do Centro (DREC), mas como a decisão da junta médica da CGA se sobrepõe, teve mesmo de voltar à escola por 31 dias para poder voltar a meter atestado médico, sob pena de perder o vencimento. E assim aconteceu de 15 de Janeiro a 14 de Fevereiro. «A minha mãe diz que tinha mesmo de ir para a escola, nem que fosse de maca. E nem sequer podia faltar para ir a uma consulta», conta Teresa Silva.

Ainda meteu recurso em Janeiro, mas a resposta revoltou-a ainda mais: não teria nova avaliação por falta de argumentação.

Na Escola Básica 2,3 de Cacia, em Aveiro, Manuela Estanqueiro teve o apoio dos colegas. A direcção da escola disponibilizou um professor para a acompanhar nas aulas que leccionava, educação tecnológica. «Trabalhou com diarreias, com febres, tinha viroses atrás de viroses, tinha de levar mantas, era preciso levá-la à escola. O organismo e o estado mental estavam muito debilitados e a memória também foi afectada», recorda Teresa Silva.

Na escola, acrescenta, os outros docentes «disponibilizaram um local na sala dos professores onde ela podia deitar-se, davam-lhe a sopa na boca, porque ela não conseguia pegar na colher e, nos dias em que andava pior, tinham de a acompanhar à sala».

O sindicato não desistiu e enviou novos relatórios médicos que mencionavam a esperança de vida de Manuela Estanqueiro: um a dois anos de vida no máximo. Isto no caso da quimioterapia resultar. Já estava internada nos Hospitais da Universidade de Coimbra, com a doença novamente em força, quando a chamaram a Lisboa para nova junta médica, marcada para 19 de Abril. Não conseguiu ir. Uma semana antes de falecer, esta mesma junta concedeu-lhe a aposentação mesmo sem examinarem a professora de 63 anos.

«A minha mãe nunca desistiu do recurso. Ela queria mesmo ir à junta médica para provar que estava mesmo doente, que estava a dizer a verdade. Dizia que iria nem que fosse de ambulância. Era uma questão de honra», recorda Teresa Silva.

O Portugal Diário tentou obter uma reacção do Ministério da Educação e também do Ministério das Finanças, que tutela a CGD, mas ainda não obteve resposta.
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Isto é no minimo revoltante! Esta é a prova e resultado das medidas economicistas do governo Socrates que não olha a meios para cortar nas despesas, mesmo que isso custe a vida de pessoas.
Os portugueses que continuem a dar maioria absoluta ao PS e ao ditador S.

7 comentários:

Dark-me disse...

É de facto revoltante mas eu continuo a achar que seja qual for o governo, vai sempre acontecer estas merdas. Independetemente da côr, querem todos encher os bolsos (os seus , claro).

Dark kiss

Bárbara Quaresma disse...

Tens tanta razão que me custa acrescentar o que quer que seja...
Quanto ao comentário do "dark-me", devo dizer que é por modos de pensar como o dele que este país não avança... Como podemos dizer que todos os partidos são iguais se ainda nem todos estiveram no poder?!

Taradão disse...

Canalhas de merda!

MEU DOCE AMOR disse...

Outros interesses se levantam.Mas um dia,quando tudo bater no fundo...aí...

Gostava de entender como é que a nossa história conseguiu tantos feitos heróicos(no passado)

E hoje!!...puf!

Beijinho doce:)

MEU DOCE AMOR disse...

SHADOWKEEPER:

Faz sentido?Não há dúvida!

Beijo para ti

Lia disse...

É revoltante, mas acontece com frequência. E depois vêm-se outros com reformas chorudas e com idade e saúde para trabalharem. Há mas existirão sempre injustiças. Temos é que fazer de tudo para minimizá-las...

Um beijo D.

Klatuu o embuçado disse...

Quando li no jornal nem queria acreditar!! Que os gajos do governo são imbecis e incompetentes eu já sabia... mas afinal também não são pessoas de bem!!